O evento promoveu reflexões
sobre a Educomunicação e apresentou trabalhos que são realizados na área. O
Educom foi dividido em seis eixos
temáticos: Educomunicação gênero e raça/etnia; Educomunicação e desenvolvimento
social e ambiental; Educomunicação, cidadania em rede e movimentos sociais;
Educomunicação, juventude e direitos humanos; Educomunicação, educação integral
nas políticas públicas e Educomunicação na educação midiática e informacional.
No dia 10 o Educom iniciou
com debate sobre preconceitos de raça e etnia e direito à comunicação.
ALGUNS TÓPICOS ABORDADOS NO ENCONTRO:
Beleza não é atributo de
raça. Como descolonizar nossa mente?
A expressão acima foi dita pelo professor Dr. Joel Zito Araújo, diretor da Casa de Criação Cinema, do Rio de Janeiro-RJ. "O nosso inconsciente cultural é contaminado pela estética televisiva, na qual a imagem do negro é preterida", destacou.
Apenas nos anos noventa é que o negro começa
a aparecer com certo destaque nas novelas brasileiras. Entretanto, a ele ainda
é reservado papeis secundários ou o estigma do "branqueamento" (um
branco que interpreta o papel de um negro, por exemplo). "Discutir
diversidade é preciso para descolonizar as nossas mentes."
O indígena não se vê nos
livros didáticos
"Nós, indígenas estamos cansados dos
estereótipos colocados sobre nós". Assim, expressou-se a professora Dra.
Naine Terena de Jesus da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) que discute
a diversidade a partir da identidade indígena. A ausência dos índios nos livros
didáticos é um grande desafio enfrentado nas escolas indígenas, pois se
"eles não se veem, também não se reconhecem".
Um exemplo citado pela pesquisadora foi em
relação à Guerra do Paraguai em que o Povo Terena foi convocado, mas a história
não dá esse crédito a eles. Com a utilização dos recursos tecnológicos, hoje os
professores fazem a mediação para que os alunos investiguem a história de seu
povo e façam o registro oral, prática que os anciãos têm visto com bons olhos.
Comunicação é direito
humano
O direito à comunicação teve duas abordagens
a partir das práticas educomunicativas da Revista Viração, de São Paulo-SP, e
da Rede de Jovens Jornalistas de Guiné-Bissaú, África. Nesse contexto, a
comunicação é visto como um direito humano que precisa ser valorizado,
encontrando potencialidade no protagonismo juvenil por meio de uma produção
colaborativa.
Resgatando sua experiência educomunicativa no
NCE-USP (Núcleo de Comunicação e Educação) e na Viração, a jornalista e mestre
em Educomunicação e Direitos Humanos, Maria Célia Giudicissi Rehder fez sua
apresentação a partir do mestrado defendido na Itália, tendo como objeto de
pesquisa os jovens africanos. Assim, a diversidade e políticas democráticas de
comunicação. Atualmente, Maria Célia é coordenadora e Projetos da Campanha
Nacional pelo Direito à Educação e finalizou sua apresentação com um vídeo que
produziu sobre os estudantes coreanos durante o Fórum Mundial Social, que não
foram convidados para o evento.
"Diversidade e políticas democráticas de
comunicação: a educomunicação como prática social e estratégia de ação"
foi a temática abordada pela jornalista Vânia Araujo Correia da Viração.
"Ccomunicar é um ato político", por isso, é preciso haver mobilização
no país para entendimento da comunicação como um direito humano, o que pode ser
potencializado pelas práticas educomunicativas que abrem espaço para os jovens
produzirem material comunicativo a partir do seu olhar.
Para o mediador dessa mesa, professor Dr.
Adilson Odair Citelli (ECA/USP), há uma luta acirrada na sociedade. De um lado,
os movimentos sociais lutando pela garantia dos direitos humanos a partir da
diversidade enquanto grupos hegemônicos se articulam tentando a aprovação de
leis no Congresso Nacional. Para Citelli, a principal questão envolvida é a
intolerância.
Esta mesa procurou apresentar uma abordagem
interdisciplinar, colocando em debate pontos de vista de especialistas com
experiências em políticas e práticas da comunicação relacionadas ao tratamento
das questões inerentes às vivências da diversidade em seus diferentes ângulos.
Levantará também elementos para entender qual tem sido a contribuição da
Educomunicação para a proposição de referenciais destinados a construir
ecossistemas comunicativos ricos por suas aberturas às diferenças.
Carolina Maria de Jesus completaria 101 anos de idade, no dia 14 de fevereiro. Mulher negra, nascida em Sacramento (MG), chega em São Paulo, em 1947, para tentar ‘melhorar de vida’, onde acaba trabalhando como empregada doméstica, catadora de papel e – onde realiza o seu maior sonho – se tornar escritora e famosa.
Mesmo tendo estudado até
o segundo ano primário, o primeiro livro de Carolina, Quarto de despejo –
Diário de uma Favelada, vendeu mais de 100 mil exemplares no ano de
lançamento, em 1960.
No entanto, como base
para o livro, Diego Balbino assina, desde 2011, uma exposição fotográfica com
fotografias em homenagem à autora. Dessa forma, após a itinerância da exposição
– que já esteve nas cinco zonas da cidade de São Paulo, incluindo espaços como
o Memorial da América Latina e diversos CEUs (Centro Educacional Unificado) de
São Paulo –, o fotógrafo, juntamente com a escritora Paola Prandini, resolveram
perpetuar as imagens e as histórias de vida das Carolinas de hoje em uma
publicação impressa.
As imagens, de autoria
do fotógrafo Diego Balbino, são resultado de suas incursões pelas ruas da
capital e em visitas a cooperativas de reciclagem de lixo integradas por
mulheres. Acompanhando o ensaio fotográfico, o livro também traz histórias de
vida das personagens retratadas, por meio dos quais podemos conhecer suas
trajetórias.
O material é resultado
da pesquisa dos autores, juntamente com a equipe da AfroeducAÇÃO, acerca da
vida e da obra de Carolina de Jesus, desde 2010. Trata-se de um marco importante
para registrar a importância da existência dessas mulheres para a vida da
cidade de São Paulo e garantir o reconhecimento e a credibilidade às práticas
por elas exercidas.
No dia 12 de junho, às 18h, no Prédio 40 ocorreu a exibição do filme Raça,
do cineasta Joel Zito Araujo em parceria com a cineasta americana Megan Mylan.
O filme busca trazer o foco para o trabalho de três afro-brasileiros que estão
lutando por igualdade racial: Paulo Paim, o único negro senador da república;
Netinho de Paula, cantor e apresentador de TV e Miúda dos Santos, ativista
quilombola e neta de escravos.
Joel Zito filmou durante cinco anos, entre novembro de 2005 e o início
de 2011as imagens do documentário e mais um ano para sua montagem. Para ele, o
documentário é mais uma oportunidade para trazer de forma mais equilibrada o
debate sobre os temas abordados no filme.
Após a exibição do filme ocorreu um debate com a presença de Joel Zito
Araujo.
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