No dia 20 de
fevereiro, no auditório do Centro Universitário Unilasalle/Canoas, foi aberta a
terceira edição da Conferência sobre Educação, Tecnologia, Conteúdo e Mundo
Editorial da Feira do Livro de Frankfurt (CONTEC/Brasil), com o tema "O
futuro da aprendizagem interativa".
A conferência foi criada em
2012 com a finalidade de discutir temas como leitura, consumo e produção de
livros digitais e vantagens e desvantagens do uso da tecnologia em sala de
aula.
O evento teve apoio
da Prefeitura de Canoas e contou com a participação de palestrantes nacionais e
internacionais, que trouxeram abordagens relacionadas aos novos rumos da
educação, unindo tecnologia, conteúdo e mundo editorial.
Estiveram presentes
na solenidade de abertura da CONTEC/Brasil, o prefeito de Canoas, Jairo Jorge,
o secretário estadual de Cultura, Luis Antônio de Assis Brasil, o presidente da
Feira do Livro de Frankfurt (Alemanha), Juergen Boos, e o reitor do Unilasalle,
Paulo Fossatti.
O prefeito de
Canoas em seu discurso destacou que "nunca na história da humanidade
estivemos tão conectados como agora. E essa conectividade gera novas
possibilidades", fazendo referência às novas tecnologias e aplicativos.
Jairo Jorge destacou o líder africano Nelson Mandela, que apontava a educação como
a arma mais poderosa para mudar o mundo.
PALESTRAS/PALESTRANTES
Na primeira
palestra, Charles Schramm, diretor da empresa de consultoria KPMG, abordou o
tema "Parcerias para um Futuro Digital". De acordo com ele, o avanço
tecnológico de ferramentas utilizadas na educação está preparando futuras
gerações. Citou um projeto implantado no Reino Unido, que resultou no aumento
de 44% de melhora dos níveis educacionais. "Atualmente, melhorar a
educação significa unir boa infraestrutura, aliada à tecnologia e conteúdo adequados",
finalizou.
Após, ocorreu o
debate mediado pelo presidente da Voice Over Portuguese, Daniel Bittencourt.
O painel
"Novos Paradigmas do Ensino e do Aprendizado", contou com a
participação da especialista em Marketing Online da Young Digital Planet
(Polônia), Jolanta Galecka; do diretor de operações da EduSynch, Sean
Kilachand; diretora da Center for Teaching through Children's Books, Junko
Yokota. Os palestrantes colocaram em pauta as novas tecnologias, que há décadas
estão revolucionando métodos de ensino.
Jolanta Galecka
salientou que a educação deve ser pensada sob a ótica dos alunos, pois eles
estão conectados aos mais diversos aplicativos e ferramentas interativas. Para ela,
os alunos podem e devem auxiliar no processo educacional.
Sean Kilachand
destacou a tecnologia como fundamental na educação. "Não acredito que
essas ferramentas possam substituir o professor, mas auxiliar no ensino",
afirmou.
Junko Yokota,
contou que se utiliza muito de debates online, por acreditar nesse meio de
comunicação. "Os debates online permitem a participação ativa de pessoas
mais tímidas em grupos de discussão", exemplificou.
No encerramento das
atividades da manhã, o destaque foi o painel "Sinais do futuro... Hoje:
inovação em educação", com a mediação da Fundação SM, Maria do Pilar
Lacerda. O debate contou com a participação de Anna Penido, da empresa
Inspirare e do jornalista e coautor do livro "Volta ao mundo em 13
escolas, André Gravatá".
"É necessário
entender as expectativas dos alunos e o mundo em que eles estão inseridos, para
direcionar a educação", afirmou Ana, apresentando fotos de salas de aula
ao longo dos anos. De acordo com ela, o importante é que todos tenham em mente
seu projeto de vida.
André Gravatá
iniciou sua apresentação com a frase: "Educação não é encher baldes, é
acender fogueiras". Explicou que o livro foi feito a partir de uma
pesquisa com pais, alunos e educadores, para avaliar o futuro da educação.
"A educação tem que estar conectada com a vida", finalizou.
Para Heather Crosseley, os professores podem começar a pensar
a fazer seus próprios aplicativos para celular e atentar para que eles também
tenham essa iniciativa. "Não precisa custar uma fortuna. Às vezes, basta
uma boa ideia e ter a parceria de um desenvolvedor", disse Heather.
Sobre o futuro do mercado editorial,
Colin Lovrinovic disse que o acesso ficará facilitado com a tecnologia.
"Todo mundo vai ter acesso a diferentes tipos de livros. As vendas dessas
obras impressas podem cair, mas o total vai ser dividido em vários tipos de
livros", argumentou Lovrinovic.
Uma das editoras convidadas foi
a Ladybird, que desde a Primeira Guerra publica livros para crianças na
Inglaterra. Nos últimos 99 anos, ela acompanhou o nascimento de diferentes
gerações de crianças, participou das mudanças do mercado e se adaptou às
novidades que apareceram, como o livro digital. “Hoje, as histórias chegam em
muitos formatos; não se trata mais apenas do livro impresso. Publicamos
aplicativos desde 2010 e nosso compromisso com leitores de todas as idades diz
respeito tanto aos nossos livros digitais quanto aos físicos”, conta Heather
Crossley, editora da Ladybird – hoje um selo da Penguin.
Participam, ainda, nomes como
Michael Ross, da Encyclopaedia Britannica; Fávio Aguiar, da Widbook; Junko
Yokota, do Center for Teaching through Children’s Books, entre outros editores,
pesquisadores e profissionais da área de tecnologia. Na plateia, profissionais
dessas mesmas áreas, além de educadores.
A ideia de organizar uma conferência
como essa no Brasil surgiu enquanto era discutida a participação do País como o
convidado de honra de 2013 da feira alemã. A primeira edição foi realizada em
São Paulo, em 2012, e a segunda, no Rio, em 2013. Deu tão certo que a Feira de
Frankfurt decidiu levar a conferência para a Alemanha, em outubro do ano
passado. A organização, porém, ainda não conseguiu tirar o papel o modelo de
evento que idealizou: uma conferência realizada paralelamente a uma feira de
livros e tecnologia aplicada ao mercado editorial e à educação.
O tema desta edição da Contec
é O Futuro da Aprendizagem Interativa
e Marifé Boix Garcia, vice-presidente da Feira de Frankfurt, conta que a ideia
é reunir protagonistas de áreas distintas para incentivar a realização, em
conjunto, dos próximos passos rumo à inovação tecnológica do mercado editorial
e à formação de educadores. “O Brasil é um mercado jovem e inovador e todos
gostam de celulares, tablets etc. Ao mesmo tempo, existe uma grande preocupação
em melhorar a educação. Nos últimos anos, surgiram grandes iniciativas públicas
e privadas que trabalharam fortemente no tema digital. Claro que num país desse
tamanho a infraestrutura varia de estado para estado, e isso significa um
grande desafio para os governantes”, diz.