quarta-feira, 27 de maio de 2015

Novos aplicativos para ajudar o setor educacional



 
A Educação é um dos setores em que aparecem novidades a cada dia, seja para os gestores, educadores e, principalmente, para os alunos. As novas ferramentas permitem uma organização melhor na escola e facilitam aos pais o acompanhamento mais próximo da rotina escolar dos filhos.
Confira as outras novidades divulgadas pela Revista Educação:

Apptoclass
O aplicativo da Controller Education, empresa de gestão educacional, reúne funções de rede social, agenda e gerenciamento de arquivos para facilitar o planejamento e o registro de atividades em sala de aula. A ferramenta oferece também a possibilidade de criar planilhas para lançamento de notas e faltas. É possível integrar o app com os sistemas das escolas, que podem utilizar o componente de rede social privativa para a comunicação entre professores, alunos e famílias.
www.controller.education/apptoclass/

My App College
A ferramenta promete facilitar a comunicação, em tempo real, entre direção, professores, pais e alunos e promover um melhor acompanhamento escolar. Os professores podem disponibilizar avisos e circulares, além de eventos do colégio. Já os pais ficam por dentro das notas, presença e tarefas dos alunos.
www.myappcollege.com/br/

Kid Reports
O app funciona como uma agenda digital. Com interface intuitiva, permite compartilhar fotos e vídeos sem limite de utilização e também funciona em modo offline.
www.kidreports.com.br

Saída da escola
Através de aplicativo baixado no celular dos pais, utilizando recurso de localização por GPS, quando o carro estiver se aproximando da escola, será publicado na TV digital que o aluno já pode ser liberado na hora da saída. Quando o responsável estacionar o carro, o estudante já estará à sua espera, agilizando a saída da escola e evitando problemas de trânsito e multas.
www.new-midia.com

GridClass
O GridClass é um software de gestão que facilita a montagem do quadro de horário. Criado a partir de um algoritmo que relaciona automaticamente todos os dados e encontra a melhor combinação possível de horário dentro da necessidade do gestor, o software promete economizar tempo e dinheiro ao reduzir janelas de espera, evitando o pagamento de horas não trabalhadas.
www.gridclass.com.br

Neolude Educacional
Plataforma de gestão de aprendizagem voltada para instituições de ensino a distância (EAD). Para o professor, o sistema possibilita o manuseio e gestão de repositórios de conteúdos digitais e a oferta de aulas virtuais. Também traz um sistema de avaliação e notas e calendário para a gestão de prazos. Já os gestores das instituições de ensino podem ter acesso a indicadores de performance, que permitem o aumento da produtividade dos tutores e professores. Além disso, a plataforma é escalável e cresce de acordo com a necessidade de uso.
www.isat.com.br

inDICA Opet
A Opet é um sistema de ensino que oferece diferentes soluções educacionais, entre elas o Programa de Gestão da Educação inDICA Opet. Uma equipe de educadores da Opet aplica uma avaliação institucional nas escolas, que envolve professores, gestores, pais e alunos e, a partir desse diagnóstico, sugere ações de melhoria. Essa equipe também orienta os gestores para a organização de um plano de ação, implanta e acompanha sua execução em ambiente virtual e real. Por fim, desenvolve formação continuada para integrar as ações do programa à gestão estratégica e participativa.
www.indicaopet.com.br
 

A educação é o caminho para a mudança de consciência

O bom professor é aquele que transmite humanidades além de conhecimento, mas infelizmente as escolas ainda não cumprem um dos quatro pilares estabelecidos pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) em 1990: o de educar para Ser.
 
O alerta é de Claudio Naranjo, médico psiquiatra chileno, escritor, professor na Universidade de Berkeley e pioneiro da psicologia transpessoal, além de indicado ao Prêmio Nobel da Paz em 2015. Recentemente ele esteve em São Paulo para o lançamento do livro "A revolução que esperávamos" e deu entrevista exclusiva para o Publishing Perspectives Educação. Para ele, a crise atual não é apenas econômica, mas um sinal da obsolescência do conjunto de valores, instituições e hábitos interpessoais que chamamos civilização. O caminho, ele indica, é a mudança da consciência pela transformação da educação, por meio de uma nova formação de educadores - orientada não só para a transmissão de informações, mas para o desenvolvimento de competências existenciais. Naranjo criou o Programa SAT (Seekers After Truth, ou, Em Busca da Verdade), um processo de autoconhecimento que envolve a inteligência emocional e espiritual, por meio de técnicas psicológicas de Gestalt e dos Eneatipos, desenvolvidos por ele. Em São Paulo, o educador fez uma palestra gratuita para professores e alunos do Colégio Dante Alighieri.

O que é educar para ser?
É um aspecto da educação proposta pela Unesco sem uma definição precisa que se refere principalmente à personalidade. No entanto, eu também incluo a ideia de ser capaz de superar os condicionamentos do caráter da natureza humana e começar a ter uma vivência direta da existência e decidir saber “o que se é”.

Como criar competências existenciais nos alunos?
Meu campo de experiência é o desenvolvimento adulto e estou convencido que as tais competências, assim como os valores em geral, devem ser transmitidas diretamente por “contágio” por aqueles que as representam. O programa explícito do meu projeto (SAT) tem por objetivo justamente o desenvolvimento destas competências. Confio que as pessoas que vão desenvolvendo e trabalham nos diferentes níveis da educação saibam usar sua criatividade para desenvolver um currículo experimental adequado para a juventude.

Em sua opinião, qual é o maior desafio na educação do Brasil?
Em todas as partes do mundo o desafio da educação deve ser o de servir ao desenvolvimento humano e não à reprodução da mente patriarcal através da instrução meramente intelectual e ao descuido da finalidade de formar seres humanos completos, capazes de amar e dotados de espontaneidade instintiva sem a qual se perde a criatividade e a saúde emocional.

Professores em greves em vários Estados, descontentamento, falta de infraestrutura nas escolas, formação deficiente. Como fazer com que esses professores tenham condições para educar em valores humanos?
Creio haver desenvolvido, através de mais de 40 anos de experimentação com grupos, um método ideal para dar aos professores o que as universidades têm descuidado.

O que é a cura pela educação?
Algo que por agora não se pratica, mas penso que deveria ser praticado em lugar de reduzir a educação a pura instrução. Penso, também, que os pilares do currículo que fariam falta são a recuperação da capacidade amorosa e altruísta, a liberdade que concebo como uma educação baseada no espírito dionisíaco (sentimento, ação e emoção) de fé no que é natural e na descriminalização do prazer, e ao espírito apolínico do desapego que equivale ao espírito de renúncia das tradições espirituais e especialmente da meditação budista.

Quais são os antídotos necessários à transformação de um mundo em crise?
Eles coincidirão com os antídotos à desumanização e à extinção da consciência. E, assim como disse Einstein, os problemas que enfrentamos só podem ser resolvidos por mentes diferentes daquelas que os criaram. Acho que só um sábio, benevolente, livre do que a nossa geração criou, irá recriar as nossas instituições patriarcais atuais.

Qual o papel da leitura na formação de uma criança e de um jovem?
É fundamental, porque a mente busca o conhecimento, mas aprende a rechaçar uma educação que pretende ignorar o vínculo da relação eu e tu.

Quais os principais valores que devem ser desenvolvidos na escola?
O amor solidário e a compaixão, a capacidade para o prazer, que coincide com o amor das pessoas por elas mesmas, sem o qual não pode ter fundamento o amor ao próximo, o sentido do sagrado, a consciência do momento presente, a compreensão da própria vida, a aspiração à sabedoria que chega pelo conhecimento do “Eu sou” e o desapego.

As novas tecnologias, a Internet e as redes sociais afastam crianças e jovens de uma educação mais voltada para o ser?
Tudo depende do contexto dos requisitos do sistema. Elas removem do Ser as exigências acadêmicas e a insistência da avaliação.

O bom professor é aquele que…
Transmite humanidade além de conhecimentos.
 
Texto: Ivani Cardoso

 

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Professor do Colégio Bom Retiro faz uso da tecnologia em sala de aula


Fazendo parte da série "Professor Conectado", divulgamos o trabalho do Prof. Alexandre Misturini do Colégio Estadual Visconde de Bom Retiro - Bento Gonçalves.
 
O Prof. Alexandre foi Coordenador do NTE-Bento e atualmente é vice-diretor da escola e leciona no Ensino Médio as disciplinas de História, Sociologia e Filosofia.
 
Para conferir:
 
Blog de compartilhamento de material de filosofia produzido pelos alunos do Colégio Estadual Visconde de Bom retiro - Bento Gonçalves.
 
Trabalhos com Webquest e outros.

Alunos do Colégio Bom Retiro participam da 8ª etapa Pré-Olímpica de Filosofia e 1ª mostra de Pesquisa Interdisciplinar de Filosofia, Ciência e Tecnologia

Sob a coordenação do Prof. Alexandre Misturini, alunos do Colégio Bom Retiro, de Bento Gonçalves, participam da 8ª etapa Pré-Olímpica de Filosofia e 1ª mostra de Pesquisa Interdisciplinar de Filosofia, Ciência e Tecnologia, promovida pelo IFRS-Bento.

O tema das olimpíadas de Filosofia e o eixo norteador das salas temáticas da I Mostra De Pesquisa Interdisciplinar de Filosofia, Ciência e Tecnologia - IFRS deste ano é: "O cuidado com o outro: que diferença isso faz para as nossas existências?"
 
 
A atividade olímpica e a mostra de pesquisa interdisciplinar é de metodologia qualitativa e investigativa. A participação da mesma é dada pela submissão de trabalhos de pesquisas no formato Resumo (para alunos de Ensino Médio) e Resumo expandido (para alunos de ensino superior e pós-graduação) que serão apresentados por meio de rodas filosóficas (exposição e defesa de ideias através de pesquisas desenvolvidas a partir das mesas temáticas propostas para esse evento). Todos os autores e coautores também devem inscrever-se como ouvintes do evento para efeitos de certificação até o dia 15/05/2015. O envio do artigo final de pesquisa, para publicação dos resultados do evento devem ser encaminhados ao e-mail mipi@bento.ifrs.edu.br até o dia 27/06/2015 (seguindo o respectivo modelo).
 

 

Projeto de Inclusão Digital - Alunos Monitores



Desde março/2015, uma turma de alunos e ex-alunos da E.E.E. Médio Imaculada Conceição (Bento Gonçalves), está sendo preparada para atuar como monitores do Laboratório de Informática da escola, sob a Coordenação da Profª Marta Rocha do NTE-Bento/16ª CRE. Os alunos já receberam capacitação para elaborar jogos no programa Power Point e exercícios educacionais no Tux Paint.
O trabalho dos monitores consistirá em possibilitar o acesso de alunos e professores ao Laboratório de Informática da escola, auxiliando, prioritariamente, os professores no uso das tecnologia nas questões didático-pedagógicas.
Fazem parte do GTEC Conceição (Grupo de Tecnologia):  Gustavo Teixeira, Jean Paulo Sagás Bianchi, Kevin Daniel de Souza, Márcia da Silva, Michael Henrique da Silva de Oliveira, Natanael Henrique Brunetto, Rafael Marques Sarapian Pedroso.

terça-feira, 12 de maio de 2015


No mês de abril a Escola Estadual de Ensino Médio Professor Jacintho Silva, de Cotiporã  completou 83 anos de dedicação à educação dos cotiporanenses. Neste período foram realizadas diversas atividades junto à comunidade escolar, iniciando com a criação e apresentação de um vídeo onde alunos, professores, pais e funcionários deixaram registradas suas vivências e impressões   ao longo dos anos na escola.
 
No dia 06 de abril, todos os alunos comemoraram com um grande bolo de aniversário e cada um recebeu como presente da escola um exemplar do livro "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry, livro este, que será utilizado durante todo ano como referência do projeto "Educar para o cuidado" que está sendo desenvolvido na escola. O referido projeto tem como objetivo: “Propiciar vivências interdisciplinares no ambiente escolar que possibilitem a percepção e reflexão acerca do cuidado, evidenciando que tudo o que existe e vive precisa ser cuidado para continuar a existir”. Também foi apresentada por alunas dos 3º ano do  Ensino Médio uma esquete teatral elucidando a relação do Pequeno Príncipe com a raposa, valorizando a necessidade de criar laços, cativando os seres com quem se convive.
 
Partindo desta atividade inicial ocorreram diversas outras ações, como: uma gincana cultural (passa ou repassa), com direito a torta na cara e muita diversão e conhecimento; trabalho com  o vídeo de Leonardo Boff  que trata  do cuidado interplanetário; confecção de uma colcha de retalhos com o intuito de valorizar a diversidade; outras atividades interdisciplinares ressaltando o tema em estudo, destacando a construção coletiva de uma instalação no ambiente escolar intitulada: “ O essencial é invisível aos olhos”, relacionando questões sociais, ambientais, históricas e econômicas.
 
O diretor Eloi Tomazi pontuou a importância desta instituição de ensino para a comunidade, visto que a mesma contribuiu e contribui para a formação de centenas de jovens de nosso município.
 
As histórias são construídas nas relações, cabendo à Educação criar pontes de integração entre os seres humanos e o conhecimento.
 
Outros projetos desenvolvidos na escola:
 
 
 
           









quarta-feira, 6 de maio de 2015

Brasil tem uma das redes mais lentas do mundo, em contraposição ao crescente número de usuários



Foto: Luiz Armando Vaz / Agencia RBS
Com velocidade média de três megabits p/ segundo (Mbps), o país oferece uma das redes mais lentas do mundo.
 

 
No mês em que a internet comercial comemora 20 anos no Brasil, uma boa notícia: quase 160 milhões de pessoas já têm acesso à rede e esse número não para de crescer. Os investimentos para ampliar a velocidade da conexão, no entanto, não seguem o mesmo ritmo.

Com velocidade média de três megabits por segundo (Mbps), o país oferece uma das redes mais lentas do mundo. Na Coreia do Sul, por exemplo, a média é de 22,2 Mbps — uma internet seis vezes mais veloz do que a nossa.
Acontece nos caminhos virtuais brasileiros algo bastante semelhante ao ocorrido nas rodovias nos últimos anos: aumento vertiginoso de tráfego. Mas em vez de carros, uma quantidade imensa de dispositivos móveis entraram no mercado.

Somente no ano passado, foram vendidos 54,5 milhões de smartphones, de acordo com a consultoria IDC. O investimento em infraestrutura da rede não tem acompanhado a demanda e o resultado é uma espécie de “engarrafamento virtual.”
Não à toa, o Brasil vem perdendo posições no ranking mundial que mede a velocidade média da internet nos países. Em 2014, ficamos em 89º lugar, seis posições abaixo do que em 2013. A velocidade média evoluiu 11% de um ano para o outro, em ritmo bem mais lento que a grande maioria dos países. Hoje, estamos atrás de vizinhos como Argentina, Uruguai e Chile e a léguas de distância de potências como Estados Unidos e Japão. Vários fatores dificultam os investimentos no Brasil.
Um dos principais é geográfico. Mesmo aportando montante semelhante de recursos que países europeus, as dificuldades são maiores porque a área de cobertura é enorme — afirma Eduardo Tude, da consultoria Teleco, se referindo ao tamanho continental do país.
 
 
 
Na América Latina, a maior média está no Chile, com quase cinco megabits por segundo de velocidade. Mas vale lembrar que, dos 16 milhões de habitantes, cerca de 13 milhões estão concentrados na capital, Santiago.
Para chegar a determinados locais, é preciso ter viabilidade de negócio, tem de dar retorno para as empresas. Em algumas regiões, isso não ocorre e então é importante o incentivo do governo como o Plano Nacional de Banda Larga — afirma Tude.
 
Criado em 2010, o plano é uma iniciativa do governo federal para massificar o acesso à internet em banda larga no país, por via fixa e móvel, principalmente nas regiões mais carentes da tecnologia. Graças ao programa, na banda larga fixa o acesso tem aumentado, não só nos grandes centros, mas também no interior do país.
 
A alta do dólar e a retração da economia, porém, reduziram os pedidos dos provedores de internet por fibra óptica, conta Reinaldo Jeronymo, diretor comercial da Prysmian, que fabrica cabos ópticos, voltados para a demanda de banda larga.

 
Empresas com acesso ao programa Finame e ao cartão do BNDES, que não precisaram ir a bancos atrás de recursos, mantiveram as encomendas — ressalta Jeronymo.
 
As operadoras — que fornecem banda larga móvel — continuaram o ritmo de compras, afirma.
 
Mais do que uma oportunidade de mercado, os investimentos das empresas são necessários para cumprimento de metas de qualidade impostas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). No fim do mês de março, a agência reguladora determinou que as operadoras de telefonia móvel melhorem os indicadores de qualidade de rede em todos os municípios brasileiros. Em caso de descumprimentos, está prevista a aplicação de multas.
 
As operadoras terão de apresentar indicadores de acesso às redes de voz e dados — que medem a disponibilidade quando o usuário deseja realizar uma conexão — acima de 85%. Os indicadores de queda de voz e de dados, que medem a taxa de desconexões sem interferência do usuário, devem ser inferiores a 5%, informou a Anatel em comunicado.
 

Banda larga será oferecida a 95% da população até 2018, promete governo

Impulsionada pelo Programa Nacional de Banda Larga (PNBL), a internet de alta velocidade no Brasil cresceu 44% nos últimos 12 meses e alcançou a marca de 203 milhões de acessos em fevereiro passado, conforme informações divulgadas pela Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil). Desse total, 178,4 milhões foram via redes móveis, avanço de 50%, na comparação com fevereiro de 2014.  A banda larga fixa, que permite conexões mais rápidas do que a rede móvel, registrou 24,5 milhões de acessos, 9% a mais do que um ano antes.
 
Ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini promete conexão de banda larga para 95% da população brasileira até 2018. Em audiência pública na Câmara na semana passada, Berzoini falou sobre os investimentos para ampliação dos serviços 3G e 4G de telefonia celular. Segundo ele, as duas tecnologias mantêm crescimento “vertiginoso” e, por isso, as empresas ainda têm metas a cumprir: - Temos queixas constantes quanto ao serviço. A Anatel tem o trabalho de fiscalizar e de aplicar as multas. Temos buscado formas de fazer com que essas multas alavanquem a qualidade do serviço.
Texto: Cadu Caldas
Fonte: Zero Hora: 06/05/2015
 

 
 
 

Criador da Fundação Software Livre critica exposição de informações de usuários na internet


Monitoramento digital é intolerável, afirma Stallman.
"É irônico, dado o quão horrível é o Facebook. O facebook é uma ferramenta monstruosa de monitoramento. Eu imploro para que você não use. Eu nunca usei."

Celebridade da computação, Richard Stallman chegou ao Fórum Internacional do Software Livre (Fisl), em Porto Alegre, deixando o mínimo de rastros possível. O pai do sistema GNU/Linux usa cartão de crédito apenas para comprar passagens de avião, não tem celular e proíbe que tirem fotos suas para postar no Facebook. O americano formado por Harvard e MIT parece ranzinza, mas contou até piadas em português. Depois de ter estipulado uma série de regras como pré-requisitos para falar, Stallman concedeu entrevista a ZH. Confira os principais trechos.
 
Zero Hora — Como o senhor vê a inclusão digital, que permite mais pessoas com acesso à internet?
Richard Stallman — Eu não acho que inclusão digital seja necessariamente boa. Depende no tipo de sociedade digital em que vivemos. Se é uma sociedade livre, que respeita nossa liberdade, então é boa. Se é injusta e tirânica, como a que Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos proporciona, o povo está melhor sem inclusão digital. O que deveríamos fazer é lutar por uma sociedade digital livre.
 
ZH — Software livre seria a saída?
Stallman — Não apenas o software livre. Uma das ameaças à nossa liberdade é o software que controla os usuários, ou seja, software que não é livre. Podemos nos livrar desse problema, porém há outras ameaças. O constante monitoramento digital de certos países é intolerável. As pessoas não deveriam confiar dados pessoais aos sites. As pessoas não deveriam usar sites que exigem essas informações. Eu uso internet no computador de outras pessoas, para que minha navegação não seja relacionada a mim.
 
ZH — O senhor tem celular?
Stallman - Eu não tenho um aparelho móvel porque ele rastreia você.
 
ZH — Então a internet não seria um meio tão democrático assim?
Stallman — Democrático é um termo ambíguo, e eu não tenho certeza do que significa, mas de alguma maneira, se você publicar conteúdo em alguns sites, você pode receber atenção sem ser rico ou famoso, mesmo que eu saiba que empresas como Microsoft pagam pessoas para falar bem dos produtos deles na internet. Há pessoas usando a internet de forma errada, e ao mesmo tempo, empresas coletam muitos dados sobre as pessoas que se relacionam com elas.
 
ZH — Toda empresa faz isso?
Stallman - Angry Birds (jogo para smartphones), por exemplo, coleta informação sobre a localização de usuários, e claro, é um software que não é livre. Mas o que você esperava? É claro que é mal-intencionado. Os programas mais vendidos são conhecidos por terem funções maliciosas. Há três funções maliciosas: restringir o usuário (as chamadas algemas digitais), a espionagem e os backdoors (falhas no sistema que permitem entradas sem conhecimento do usuário). Computadores da Apple têm só algemas digitais, creio, mas os com Windows têm os três.
 
ZH — Isso pode ser combatido?
Stallman — Refleti sobre isso quando estávamos fazendo um telefone móvel apenas com software livre, mas tive de pensar: 'há uma maneira de fazê-lo funcionar e controlar o rastreamento?' Não consegui encontrar uma forma de fazer isso. Eu teria de carregar uma antena junto, para mirar nas torres, Seria um grande trabalho, então decidi não ter celular. Quando preciso ligar, peço para alguém fazer a ligação por mim, e nunca tive problemas. Consegui alguém todas as vezes que precisei.
 
ZH — Por que o senhor considera inseguras as urnas eletrônicas do Brasil?
Stallman - O Brasil perdeu todas as suas possibilidades de saber se os votos são contados corretamente. Acredito também que no Brasil alguém pode descobrir os votos dos outros à distância. As urnas emitem radiação eletromagnética, que pode ser usada para ver o que está sendo mostrado na tela. Há maneiras de ver em quem se vota, e isso é muito perigoso.
 
ZH — Por que os governos querem saber tudo sobre as pessoas?
Stallman - Porque assim o governo pode pegar qualquer delator. O governo não quer que nós saibamos o que acontece. Os Estados Unidos já mostraram que estão dispostos a caçar e condenar delatores, a qualquer custo. O monitoramento que temos nos Estados Unidos hoje é incompatível com os direitos humanos.
 
ZH — Como vê o uso dessas ferramentas para organizar protestos contra governos?
Stallman - É irônico, dado o quão horrível é o Facebook. O Facebook é uma ferramenta monstruosa de monitoramento. Eu imploro para que você não use. Eu nunca usei.
 
Texto: Paula Minozzo
Fonte: Jornal Zero Hora - 05/07/2013